Nas últimas três décadas, a China se tornou gigante no mercado mundial pela distribuição de suprimentos e produtos nos mais diversos nichos. Um dos principais deles é o ramo da fabricação de veículos.
Atualmente a China é o maior distribuidor de peças, sejam mecânicas ou eletrônicas para as principais montadoras. De acordo com um relatório da Sheffield Hallam University em dezembro de 2022, 1/4 das peças automotivas vendidas pela China vão para as montadoras dos Estados Unidos hoje em dia.
As montadoras dos Estados Unidos e Europa viram na terceirização da produção de peças uma forma de diminuir seus custos e também de se aproximarem do país que mais consome automóveis no planeta.
Essa relação mútua parece estar perdendo a força, pois segundo executivos do setor automotivo, grandes grupos estão reduzindo a dependência de componentes fabricados na China. “Há uma revisão em grande escala das operações logísticas em todo o setor” – “A cadeia de suprimentos estará no centro desta década.” disse Ted Cannis, executivo sênior da Ford.
O motivo mais aparente para essa mudança é por conta da política zero Covid-19 da China que obriga as fábricas a fecharem em alguns períodos, fazendo com que a fabricação de componentes importantes para a montagem dos carros não seja suficiente para toda a demanda.
No início de 2022, a Volvo começou a diminuir a utilização de componentes oriundos da China para a montagem de seus veículos. “Quanto mais a pandemia se espalha, mais incerteza existe”, disse o chefe da Volvo Car, Jim Rowan.
A diminuição de relações internacionais entre potências do setor automotivo com a China é um assunto crítico. Isso porque caso alguns dos países mais ricos do mundo não dependam da China para a produção como é atualmente, o comércio iria sofrer mudanças incertas para todos os lados.
Caso realmente se confirme, essa mudança na aquisição de suprimentos para montadoras não irá mudar do dia para a noite, porém muitos especialistas concordam que a quase total dependência das fábricas pelo mundo com a China deva diminuir constantemente.
Atualmente as principais montadoras com origem fora da China utilizam as peças fabricadas lá para equiparem os carros que são vendidos por todo o mundo. A primeira mudança que deve ocorrer, é que as fabricantes estrangeiras comecem a utilizar as peças fabricadas na China principalmente em carros vendidos localmente.
Com isso, a dependência de suprimentos chineses iria diminuir drasticamente para carros vendidos globalmente e ao mesmo tempo manteria a logística para os que são vendidos lá.
Ações restritivas do Covid-19 e conflitos externos motivam menor dependência de montadoras com a China
A tentativa das montadoras em não dependerem totalmente da China para fabricarem seus carros tem outro motivo além das ações restritivas quanto ao Covid-19. Grupos como Renault e Mercedes-Bens foram “obrigados” a venderem suas fábricas na Rússia, além de adquirirem de outros locais alguns minérios que compravam deles.
“Acho que o mundo ficou surpreso com a Rússia e a Ucrânia” – “A relação EUA-China é mais difícil do que antes… é um mundo novo.”, disse Cannis.
Possíveis consequências de corte de relações de montadoras com a China
As fábricas do setor automotivo operam no limite e a quantidade de peças necessárias para suprir o mercado é enorme. Além disso, geralmente quando um veículo é lançado, suas peças vem de fábricas preparadas antecipadamente para conseguirem entregar a quantidade necessária.
Com isso, certamente a percepção da diminuição na dependência de peças da China por montadoras estrangeiras pode levar meses ou anos.
“Se todos tentarem mudar para os mesmos fornecedores europeus ou americanos, você limita a oferta e o preço aumenta.”, disse Ted Mabley, consultor de cadeia de suprimentos da Polarix Partner. Ele completa que sair da China “levará a preços mais altos de mão de obra e materiais”.
Caso as montadoras tradicionais realmente deixem de depender da China em massa, pode ser difícil manter os preços de custo das peças baixos. Nesse cenário, para manter os veículos com preços competitivos, elas precisam cortar custos em outras áreas, como energia, logística e etc.
Alguns executivos do setor estão em análise mais avançada quanto a busca de fornecedores com menor preço. “Se 85% do custo total de um veículo são peças, se você não agir sobre esses 85%, não terá impacto”, disse, e isso “nos obriga a usar países de baixo custo” – “A China não é a única nem a melhor” – “existem muitas opções na Índia, México e partes do norte da África e da Ásia”, disse o CEO da Stellantis, Carlos Tavares.
É necessário levar em conta fatores como a sustentabilidade do processo, além do preço. Nesse fator, Masahiro Moro, diretor executivo da Mazda disse que “Esta não é mais uma era em que o custo é o principal fator determinante” – “Neste momento, a robustez de nossa cadeia de suprimentos também deve ser levada em consideração para garantir um fornecimento estável de peças.”.
A Mazda é uma montadora japonesa, e as maiores desse país não chegaram ao nível de dependência de suprimentos da China quanto as montadoras norte americanas e europeias. Isso significa que mesmo as montadoras que não foram tão afetadas no atual cenário já estão se precavendo para não serem pegos desprevenidos.
A Mazda já solicitou a mais de 200 fornecedores que utilizam produtos feitos na china para que façam estoque. Com isso a montadora não seria tão afetada em caso de novas interrupções nas fábricas chinesas nos próximos meses.
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